Nos últimos anos a indústria farmacêutica e de produtos para saúde e bem-estar vem constantemente exigindo maior eficiência nos seus processos, incluindo o logístico. Basicamente, todos os produtos da área da saúde servem para atender uma demanda relacionada à saúde humana ou veterinária. O controle de processos logísticos, que inclui a distribuição, armazenamento e o transporte em todas as suas etapas, garante a eficácia do uso do produto pelo paciente, atendendo os requisitos voltados ao segmento da área da saúde.
1 – Conservação do produto
O primeiro cuidado é relacionado à conservação do produto, desde à sua fabricação até ao seu destino final. Essa preocupação tem o intuito de garantir a segurança e integridade na logística do produto.
No ponto que tange a infraestrutura logística, é importante que haja sinergia entre os setores da empresa, sendo necessário seguir orientações do setor operacional juntamente com o olhar técnico do farmacêutico que, em conjunto com gestores das áreas responsáveis, garantem as boas práticas como rotina diária, conservação das embalagens, temperatura correta de armazenagem e transporte, itens fundamentais para termos segurança do produto chegar em condições adequadas ao cliente.
2 – Incompatibilidade de cargas
O segundo ponto a ser observado é a questão da incompatibilidade de cargas, principalmente do transporte de cargas perigosas, apresentando riscos para saúde humana, para o meio ambiente e para as vias públicas caso seja feito de forma inadequada. Os gestores de frotas de cargas perigosas devem sempre estar atentos e cientes às regras e aos procedimentos estabelecidos pela ANTT, Agência Nacional de Transportes Terrestres, agência que regulariza a concessão, permissão e autorização de transportes terrestres. Devemos então, disponibilizar veículos individualizado e específico para tais cargas, assim como kits de contenção em caso de acidentes.
3 – Roubo e falsificação de carga
O terceiro cuidado é com relação ao roubo e falsificação de carga pois, temos no mercado produtos relacionados à saúde com altíssimo valor agregado e muito visado. De acordo com o Guia 2018 da Interfarma, a projeção de crescimento do mercado mundial de medicamentos superará, em 2022, a casa do trilhão de dólares. A prática do roubo de cargas no setor de medicamentos só perde em incidência para o roubo de produtos eletroeletrônicos e inclui medicamentos acabados, semiacabados e matérias-primas (insumos) ¹. Esse tipo de delito extravia mais de R$ 1 bilhão ao ano, sendo o setor farmacêutico o quarto mais atingido². Por isso é tão importante e necessário a apólice de seguro da carga, pois esta garante que, caso a carga seja roubada, o prejuízo não será alto.
É fundamental que os farmacêuticos que atuam como responsáveis técnicos de estabelecimentos e os gestores de logística, saibam como proceder perante uma suspeita de roubo ou falsificação de medicamentos, de modo que possam identificar precocemente tais situações, adotando as medidas necessárias para garantir à população o acesso a medicamentos seguros e eficazes.
Outro ponto a ser observado, a ANVISA publicou, em 12/11/2019, a RDC 319, que estabelece o Sistema Nacional de Controle de Medicamentos (SNCM). A referida norma estabelece um sistema de acompanhamento dos medicamentos em toda a cadeia produtiva e de distribuição, com rastreabilidade desde a sua produção até o cliente final. Isso significa que, quando um medicamento for vendido, ele irá com um tipo de QR CODE, que quando acessado, mostrará todas as informações desde onde ele foi produzido, as empresas por onde passaram (de transporte e distribuição) até chegar ao consumidor final, garantindo que o medicamento é seguro para utilização.
4 – Temperatura
A temperatura durante o armazenamento, transporte e distribuição impacta diretamente na logística de produtos para a área da saúde. Muitos produtos distribuídos no Brasil têm temperatura controlada, que pode englobar desde um equipamento médico com faixa de temperatura de 10 a 20°C, medicamentos na faixa de 2 a 8°C, até produtos congelados com faixa de temperatura de -90 a -100°C. Por conta disso, a temperatura do produto deve ser controlada e monitorada, com adequações de rota, de veículos, de sistemas e de áreas onde esse produto passará até chegar ao cliente final. Essa preocupação com a temperatura já vem sendo discutida pela ANVISA desde 2010 e agora, com a publicação da RDC 430/2020, se tornou obrigatório o monitoramento da temperatura no transporte de medicamentos.
Se os cuidados forem considerados dentro dos processos logísticos e estes processos forem mapeados e analisados conforme o risco, existirá a garantia de que o produto da área da saúde que será comercializado é seguro e eficaz.
1 Fonte: Saúde Brasil. Rastreabilidade de medicamentos. http://www.saudebrasilnet.com.br/Saibamais/rastreabilidade-de-medicamentos.html
2 Fonte: Guia da Farmácia/Anvisa. Roubo de Medicamentos supera falsificação. Notícia divulgada em 03/05/2009. Disponível em: http://www.panfar.com.br/index.php?lnk=noticia&id=6